Óleo não congelante
Óleo não congelante é um termo errado, porém é usado de maneira mercadológica para óleos para sistemas de refrigeração.
Por que errado? Óleo não congela, isto é, não passa do estado físico líquido para o estado físico sólido.
O que acontece? A viscosidade de um óleo lubrificante aumenta à medida que abaixa a temperatura. Chega o momento em que o óleo deixa de fluir e dá a impressão de ter congelado, porém sem mudar de estado físico.
Em sistemas de refrigeração, o óleo utilizado para lubrificar o compressor de gás circula junto com o gás refrigerante (embora em pequena quantidade). Quando este óleo chega ao evaporador, onde se dá o efeito de refrigeração, o óleo deve continuar em estado líquido, isto é, com viscosidade suficientemente baixa para continuar a circulação, de volta ao compressor. Se isso não acontece, isto é, o óleo se acumular, por falta de circulação e viscosidade excessiva, haverá uma obstrução da circulação do fluido refrigerante no evaporador e cessa o efeito de refrigeração.
Por isso, em sistemas de refrigeração, devem ser empregados óleos lubrificantes com viscosidade e ponto de mínima fluidez suficientemente baixa, de acordo com a mais baixa temperatura encontrada no sistema de refrigeração, isto é, no evaporador.
Óleos lubrificantes de base parafínica (que são utilizados em óleos de motor, engrenagens, hidráulicos e outros) não preenchem estas condições. É possível reduzir o ponto de mínima fluidez dos óleos parafínicos, através da adição de aditivos abaixadores de ponto de mínima fluidez que reduzem o tamanho dos cristais de cera que se formam a baixas temperaturas e com isso é possível o óleo fluir a temperaturas menores. Assim estes óleos circulam mais facilmente em motores ou outros mecanismos durante a partida a baixa temperatura, mas os mesmos cristais obstruem rapidamente a circulação do fluido refrigerante em sistemas de refrigeração.
Portanto, se utilizam apenas óleos naftênicos que naturalmente possuem baixo ponto de mínima fluidez, sem a necessidade de algum aditivo ou outros fluidos (vide tabela).
A viscosidade e o ponto de mínima fluidez do óleo para sistemas de refrigeração devem ser escolhidos conforme a mais baixa temperatura encontrada no evaporador do sistema de refrigeração. A viscosidade dos óleos para compressores de frio varia do ISO VG 32 até o ISO VG 68, e conforme já dito acima, devem ser de base naftênica.
Por outro lado, podem ser empregados outros fluidos. A tabela seguinte dá os detalhes dos óleos minerais e dos não-minerais passiveis de uso em sistemas de refrigeração.
Propriedades de óleos básicos para compressores de refrigeração
Propriedade |
Óleos minerais |
Hidrocarbonetos sintéticos |
Polialqui-leno glicol |
Ésteres |
||||
Parafínicos |
Naftênicos |
PAO |
alquil benzeno |
Dibásico |
Poliol |
Silicato |
||
Estabilidade química |
b |
b |
e |
mb |
B |
bb |
bb |
bd |
Estabilidade térmica |
b |
b |
mb |
mb |
ba |
b |
mbc |
b |
Miscibilidade (refrigerantes polares) |
f |
b |
f |
mb |
E |
mb |
e |
e |
Volatilidade |
b |
r |
e |
b |
B |
mb |
e |
mb |
Baixa temperatura |
f |
b |
mb |
b |
B |
mb |
mb |
mb |
Viscosidade / temperatura |
b |
r |
mb |
r |
E |
b |
mb |
mb |
Adsorção de água |
mb |
mb |
e |
b |
F |
r |
r |
r |
Compatibilidade com óleos minerais |
– |
– |
e |
e |
F |
mb |
b |
f |
f = fraco; r = razoável; b = bom; mb = muito bom; e = excelente. a = decompõe-se a 260°C; pode necessitar aditivos. b = aditivos podem ser necessários; reage com amônia (R-717). c = requer aditivos acima de 200°C. d = hidrolisa-se formando gel e sólidos.
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